Cancro da Mama
O que é?
O cancro da mama tem origem na glândula mamária.
Quando as células mamárias normais envelhecem ou são danificadas, morrem naturalmente.
Quando as células perdem este mecanismo de controlo e sofrem alterações no seu genoma (ADN), tornam-se células de cancro, que não morrem quando envelhecem ou se danificam, e produzem novas células que não são necessárias de forma descontrolada, resultando na formação de um cancro.
Ao contrário das células normais, as células de cancro da mama não respeitam as fronteiras do órgão, invadindo os tecidos circundantes e podendo disseminar a outras partes do organismo.
Por exemplo, as células de cancro podem invadir os gânglios linfáticos mais próximos, nomeadamente os localizados debaixo da axila, os gânglios da base do pescoço e os gânglios da parede torácica.
Posteriormente podem atingir órgãos à distância como os ossos, fígado, pulmões e cérebro. A este processo dá-se o nome de metastização.
Prevenção
O diagnóstico precoce do cancro da mama, antes de surgirem quaisquer sinais ou sintomas, é fundamental na medida em que o mesmo aumenta a probabilidade do tratamento ser mais eficaz e, em consequência, possibilitar um melhor prognóstico da doença. Para além de diminuir a mortalidade, o diagnóstico precoce poderá nalguns casos evitar cirurgias mutilantes como a mastectomia radical e o uso de quimioterapia.
Deve conversar com o seu médico acerca do seu risco pessoal de ter cancro de mama, determinando a idade a partir da qual deverá iniciar os exames de despiste da doença e a frequência dos mesmos.
Para a deteção precoce do cancro da mama, é geralmente recomendado que:
A partir de uma determinada idade, que deve estar entre os 40 e os 50 anos, as mulheres devem fazer uma mamografia anual ou em cada dois anos. Não há consenso quanto à idade recomendada para início nem quanto à periocidade, esse marco deve ser decidido caso a caso com o seu médico.
A mamografia permite visualizar nódulos na mama, antes que este possa ser sentido ou palpado pela mulher, bem como eventuais microcalcificações. Com base no resultado da mamografia, o médico pode pedir que a mesma seja repetida e se necessário solicitar uma biopsia mamária.
Para além da mamografia, as medidas de deteção precoce da doença incluem ainda o autoexame da mama e o exame clínico da mama efetuado pelo seu médico.
O autoexame da mama deve ser feito uma vez por mês, sendo a melhor altura a semana a seguir ao período menstrual. A mulher deverá ter em linha de conta que as mamas não são iguais e que podem surgir alterações devido a diversos fatores, como é o caso a idade, a toma de pílulas anticoncecionais, os ciclos menstruais, a gravidez ou a menopausa.
Se no seu autoexame a mulher detetar algo pouco usual, deve sempre entrar em contacto com o médico logo que possível.
Aprenda como fazer o autoexame da mama.
No que respeita ao exame clínico da mama, o médico procede à palpação das mamas para procurar alterações e/ou nódulos ou outros sinais da doença, em diferentes posições: de pé, sentada e deitada. O médico pode pedir que a mulher levante os braços acima da cabeça, que os deixe caídos ou que faça força com as mãos contra as coxas.
Deve ser salientado que a ecografia mamária não é um método indicado para diagnóstico precoce da mama.
Sintomas
Os sintomas de cancro da mama não são exclusivos desta doença, podem aparecer noutras doenças como, por exemplo, os quistos benignos. O facto de ter um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que tem cancro da mama.
Deverá estar atenta e consultar o seu médico se tiver os seguintes sintomas:
- nódulo ou espessamento da mama ou na zona da axila, detetável ao toque
- alterações no tamanho ou formato da mama
- dor na mama
- alterações na mama ou mamilo, visíveis ou ao toque
- sensibilidade no mamilo
- secreção ou perda de liquido do mamilo
- retração do mamilo
- pele da mama, mamilo ou aréola gretada ou descamativa, vermelhidão ou inchaço
Fatores de risco
Qualquer comportamento ou condição que aumenta o seu risco de ter uma doença é um fator de risco. Se um ou mais fatores de risco se aplicarem a si, não quer dizer que desenvolverá necessariamente cancro da mama. Da mesma forma, o cancro da mama pode aparecer em indivíduos que não apresentem fatores de risco conhecidos.
Ainda não foi possível encontrar as causas para o cancro da mama, mas alguns fatores de risco são conhecidos. Os principais fatores de risco são os seguintes:
Idade
Continua a ser o maior fator de risco para o cancro da mama: uma mulher de 60 anos tem oito vezes maior risco de o desenvolver nos 5 anos seguintes, do que uma de 30; 25% das neoplasias ocorrem em mulheres com menos de 50 anos.
Antecedentes familiares
Existe evidência de agregação familiar de cancro da mama em cerca de 10% dos casos. Em metade destes, ou seja, 5%, há alterações em genes herdados que podem ser caracterizados numa análise de DNA, caso a mesma seja decidida após uma consulta de genética médica. Na maioria dos casos trata-se de mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2. No entanto, nos restantes casos, observa-se agregação familiar mas não se encontram mutações herdadas em genes de suscetibilidade. Suspeita-se de transmissão genética em famílias com mais de três mulheres jovens com cancro da mama ou nas situações em que exista antecedentes familiares de cancro do ovário. O risco familiar é tanto maior quanto o número de familiares atingidas. Estas mutações genéticas estão geralmente ausentes no cancro da mama esporádico.
Fatores hormonais
Alguns fatores hormonais estão descritos como fatores de risco para o cancro da mama, tais como:
- menarca precoce - primeira menstruação em idade precoce
- idade tardia na primeira gravidez com termo
- menopausa tardia
- não ter tido filhos
- uso de anticoncecionais - aumenta ligeiramente o risco, mas nem todos os estudos são consensuais
- uso de terapia hormonal de substituição (THS) - o uso disseminado e prolongado (mais de 2 anos) de THS em mulheres pós-menopausicas aumenta o risco de cancro da mama
Doenças proliferativas mamárias
Doenças que afetam o epitélio da glândula mamária, suspeitadas em imagem mas só provadas em caso de biópsia.
Alimentação e peso
Consumo elevado de gordura, principalmente se na infância e adolescência, excesso de peso contribui também para um aumento de risco.
Exposição a radiações ionizantes
Por exemplo resultante de radioterapia, nomeadamente se a mesma ocorrer em idade jovem.
A quem me devo dirigir?
Em caso de suspeita de cancro da mama, devido a sintomas ou a um exame complementar de diagnóstico que apresente uma alteração, deve dirigir-se a um Ginecologista, a um Cirurgião Geral especializado em Senologia ou em alternativa, menos habitual, a um Oncologista.